Casos recentes de violência reforçam insegurança e expõem vulnerabilidade da categoria.

A insegurança tem sido parte da rotina de motoristas de aplicativo no Distrito Federal e Entorno. Muitos relatam receio ao aceitar viagens, principalmente durante a madrugada, porque não sabem quem estão transportando. Para quem depende dessa atividade como renda principal ou extra, o medo de não voltar para casa passou a ser uma preocupação constante.
De acordo com dados do módulo Trabalho por meio de plataformas digitais 2024, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, o país possui cerca de 871 mil motoristas, somando taxistas e condutores de aplicativo. Entre eles, 86,1% trabalham por conta própria, enquanto apenas 6,1% são empregadores. A informalidade atinge 71,1% desses profissionais, número superior aos 43,8% registrados entre trabalhadores fora das plataformas.
O caso de violência mais recente ocorreu na madrugada de segunda-feira, quando Elias Alves, de 37 anos, que há seis anos conciliava as corridas de aplicativo com o trabalho como mestre de obras, foi esfaqueado após aceitar uma viagem entre Águas Lindas (GO) e Recanto das Emas (DF). Durante o trajeto, o passageiro atacou o motorista com golpes de faca no pescoço. Mesmo ferido, Elias tentou dirigir até o hospital, mas perdeu o controle do veículo e colidiu contra um poste. Ele permanece internado em estado grave.
O suspeito, Gerlielson de Jesus, se entregou à polícia e relatou, em depoimento, que acreditou estar sendo assaltado quando o motorista fez um desvio na rota. Ele havia saído de uma confraternização com a família e tinha ingerido bebida alcoólica. Após o ataque, fugiu para uma área de mata e telefonou para o irmão, que o buscou enquanto ainda estava com a roupa ensanguentada. Na segunda-feira, apresentou-se à 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Norte) acompanhado de um advogado e teve a prisão preventiva decretada.
